Fascite plantar
O que é, suas causas e sintomas
Diversos fatores podem ser a causa deste problema, que surge em homens e mulheres de todas as idades .
A fascite plantar, também conhecida como fasceíte plantar, é uma condição inflamatória que acomete a fáscia plantar, um tecido fibroso e espesso localizado na sola dos pés, estendendo-se do calcanhar até os dedos. Esse tecido é recoberto por uma camada de gordura que é responsável por absorver impactos causados pelo contato dos pés com o chão.
A inflamação ocorre quando há sobrecarga na região. Quando essa inflamação se torna crônica, pode resultar no desenvolvimento de ossos na base do calcanhar, conhecidos como esporões, que são comumente associados à fascite plantar.
A fascite plantar é a a principal causa de dores no calcanhar e afetando estimadamente 3 a 7% da população. A doença acomete homens e mulheres igualmente e pode surgir em qualquer idade, embora seja mais comum após os 40 anos. Estudo científicos indicam que aproximadamente 10% das pessoas apresentará fascite plantar em algum momento de suas vidas.
Geralmente, a dor se manifesta em apenas um calcanhar, mas pode afetar ambos os pés simultaneamente em até 30% dos casos. Contudo, quando a dor no calcanhar ocorre em ambos os pés e está associada a dores em outras articulações, é prudente considerar a possibilidade de doenças reumatológicas.
O que causa a fascite plantar?
Existem alguns fatores de risco que podem favorecer o aparecimento da fascite plantar. Entre eles, podemos destacar:
- Falta de alongamento;
- Permanecer longos períodos em pé;
- Obesidade: pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30 kg/m2 são mais propensas a desenvolver a fascite plantar;
- Prática de atividades físicas de impacto, como correr, saltar, dançar;
- Uso de sapatos inadequados;
- Pé cavo, plano ou padrões anômalos de marcha;
- Diminuição da mobilidade do tornozelo;
- Envelhecimento;
- Doenças inflamatórias sistêmicas.
Quais os sintomas da fascite plantar?
O principal sintoma da fascite plantar é uma dor aguda no calcanhar, em forma de “pontada”. Em geral, a dor fica restrita à região, ou seja, ela não irradia para outros locais do corpo. Ela costuma surgir nos primeiros passos pela manhã após acordar, ou ao levantar-se após estar sentado por um tempo prolongado.
Após os primeiros passos, a dor da fascite plantar geralmente diminui de forma gradual. No entanto, pode piorar em certas circunstâncias, como ao subir escadas, caminhar muito, ficar de pé por períodos mais longos, ou mesmo quando há repouso muito prolongado.
Em alguns casos, o paciente pode notar um pequeno inchaço no calcanhar ou sentir uma sensação de queimação na planta do pé.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da fascite plantar é realizado pelo médico ortopedista, que se baseia na história clínica e no exame físico do paciente. Para um diagnóstico mais preciso, o especialista pode requisitar exames adicionais. Os principais exames são:
- Radiografia do pé: capaz de detectar a presença de “esporão”;
- Ultrassonografia: capaz de detectar o espessamento da fáscia plantar que ocorre na doença;
- Ressonância magnética: além de visualizar com clareza alterações na fáscia plantar, ela também avalia a presença de outras patologias, como fraturas por estresse. É o método mais preciso para diagnóstico da fascite plantar;
- Eletroneuromiografia: utilizado apenas quando há suspeita de compressões de nervos ou outras patologias que envolvam os nervos periféricos.
Quais os diagnósticos diferenciais da fascite plantar?
Certamente, a fascite plantar é a principal causa de dores no calcanhar. Contudo, diversas outras patologias podem apresentar sintomas parecidos, podendo ser confundidas com a fascite plantar. As principais são:
- Compressões de nervos no calcanhar;
- Fratura por estresse do calcâneo;
- Doenças reumatológicas, como a espondiloartrite periférica;
- Compressões nervosas na coluna lombar;
- Neuropatia periférica (doença dos nervos), observada principalmente em diabéticos graves;
- Atrofia do coxim gorduroso do calcanhar.
Quais os tratamentos para a fascite plantar?
Existem algumas opções de tratamento para a fascite plantar, que variam conforme o grau da doença e o incômodo causado ao paciente. A doença evolui de maneira favorável na maioria dos casos, com aproximadamente 90% dos pacientes apresentando melhora nos primeiros dois meses de tratamento.
Porém, os sintomas podem persistir durante um período mais prolongado. Por isso, é importante que o tratamento definido pelo médico ortopedista seja seguido corretamente, a fim de se evitar que a fascite plantar evolua para uma dor crônica.
Entre os principais tratamentos para fascite plantar, podemos destacar:
- Alongamento da cadeia posterior com exercícios específicos;
- Uso de calçados adequados: calçados de solado rígido, com pouca flexibilidade, previnem o alongamento excessivo da fáscia plantar, evitando sua inflamação;
- Aplicação de compressas frias ou gelo: pode ser feita quando a fascite plantar está em sua fase aguda, a fim de diminuir o processo inflamatório. Na fase crônica, o ideal é a aplicação de calor, que ajuda no relaxamento dos músculos e da fáscia plantar;
- Fisioterapia: exercícios de alongamento da fáscia plantar e da cadeia posterior e liberação miofascial;
- Liberação da fáscia plantar através de manipulação e massagem no calcanhar;
- Terapia por ondas de choque: pode ser indicada para casos de fascite plantar que não responderam adequadamente aos métodos iniciais;
- Uso de órteses que mantenham o pé em dorsiflexão: tratamento alternativo que mantém a fáscia alongada durante à noite, prevenindo o estiramento brusco da fáscia ao se levantar;
- Uso de saltos no calcanhar a fim de se elevar o calcanhar e relaxar a fáscia plantar;
- Alterações no estilo de vida: em pacientes obesos, a perda de peso diminui a sobrecarga na fáscia plantar, melhorando os sintomas da fascite;
- Repouso e limitação de atividades físicas de impacto;
- Uso de palmilha ortopédica: em casos de deformidade dos pés, pode auxiliar no balanceamento da marcha e diminuição da sobrecarga na fáscia plantar;
- Uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides: tratamento paliativo que tem como objetivo aliviar os sintomas dolorosos e reduzir a inflamação da fáscia plantar;
- Infiltração da fáscia com corticoide ou ácido hialurônico;
- Cirurgia: raramente indicada, apenas quando o tratamento conservador não demonstrou resultados.
Como é a cirurgia?
O tratamento cirúrgico da fascite plantar é raramente indicado, sendo necessário apenas após a falha de todos os tratamentos conservadores. O procedimento, conhecido como fasciotomia plantar, consiste na liberação de parte das fibras da fáscia. Com isso o excesso de tensão existente na origem da fáscia plantar se dissipa, aliviando a inflamação e as dores.
Contudo, a taxa de sucesso desse tipo de procedimento é limitado, com estudos indicando taxas de sucesso em torno de 50%. Além disso, esse procedimento oferece o risco de lesões de nervos e de deformidades do pé devido à perda de sustentação da fáscia plantar.
Diante de dores no calcanhar, é fundamental a avaliação de um médico especialista para um diagnóstico adequado, pois os sintomas da fascite plantar podem se confundir com o de diversas outras doenças.
Agende sua consulta com o dr. Felipe Perez para diagnóstico e tratamento adequados do seu problema!
Fontes:
- Chen H, Ho HM, Ying M, Fu SN. Association between plantar fascia vascularity and morphology and foot dysfunction in individuals with chronic plantar fasciitis. J Orthop Sports Phys Ther. 2013 Oct. 43(10):727-34.
- Pohl MB, Hamill J, Davis IS. Biomechanical and anatomic factors associated with a history of plantar fasciitis in female runners. Clin J Sport Med. 2009 Sep. 19(5):372-6.
- Neufeld SK, Cerrato R. Plantar fasciitis: Evaluation and treatment. Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons. 2008
- DiGiovanni BF et al. Tissue specific plantar fascia stretching enhances outcomes chronic heel pain. Journal Of Bone and Joint Surgery. 2003.